Náufrago da sua própria viagem! - Por José Cardoso Pires

O mundo é dos fortes de espírito, e, como todos sabeis, a união faz a força. Na presente conjuntura, em que se vive num ambiente de tristeza e dor, há realmente que reunir esforços para conseguir sobrepor, a tudo e todos, uma força vitoriosa que galgue fronteiras e através do pensamento elevado das criaturas de boa vontade que juntam os seus esforços para que no futuro se consiga um mundo melhor e possam trabalhar em conjunto, muito embora desconhecendo-se uns aos outros.

Pelos cinco continentes há correntes do bem e correntes do mal, mas podem estar certos que as correntes do bem sempre vencerão as correntes do mal.

Fala-se muitas vezes em naufrágios por tempestades, por incúria dos comandantes, por falta de sinalizações, enfim, uma série de obstáculos que muitas vezes põem fim a encarnações de diversos espíritos que necessitavam continuar em frente para desenvolverem a sua evolução espiritual.

Mas reparai, amigos, que dentro do conceito naufrágio ou náufrago poder-se-á pensar de diversas maneiras. Ao fim e ao cabo, o que são aqueles que não conseguem levar em frente uma vida digna, correta, bem vivida? Ao fim e ao cabo são eles náufragos das suas próprias viagens! 

Não souberam conduzir o veículo que lhes foi entregue à nascença, não souberam defende-lo das intempéries da vida, muitos até, cambaleando ao sabor dos vícios, esqueceram-se de dar a mão ao seu semelhante. Outros, por estarem mais bem postos na vida não se lembraram que muitas dessas criaturas, precisavam de algo para viverem.

Amigos, há necessidade de, cada vez mais, procurardes beber da fonte que vos quer dar a seiva do progresso espiritual. Não devereis viver apenas para a matéria, pois como vistes nestes dias, a matéria se extingue, os corpos acabam por ficar até irreconhecíveis, tudo é podridão, tudo vai com a lama e com a água.

O que fica são as obras. É o espírito que reluz. É, enfim, a encarnação que foi bem aproveitada e em vez de vos entregardes a lamentações, embora muitas vezes tenhais vontade de chorar, tenhais vontade de ficar cabisbaixos lembrando-vos daquilo que sucedeu aos vossos iguais, levantai a cabeça e os braços, pois tendes uma luta a enfrentar e sem que vós o façais o mundo será mais fraco.

O mundo precisa realmente dos fortes de espírito, para que passem o exemplo e para que, através do pensamento elevado, consigam vencer fronteiras e ajudar aqueles que hoje são poucos mas que mesmo assim ainda são muitos num mundo que quase desespera por uma sobrevivência. Lançai mão ao trabalho e lembrai-vos que por pouco que façais, quando de boa vontade, esse pouco se multiplica e constitui muito para as criaturas que esperam algo de vós.

Quero que vos enchais de coragem, que deixeis para trás as intempéries da vida, que vos esqueçais um pouco dessas vicissitudes pelas quais passastes ou que tivestes possibilidades de ver outros passarem. Para que o mundo seja refeito há que lutar e essa luta sabemos que tem que ser corajosa, tem que demorar muitas décadas para que tudo volte à normalidade e uma normalidade diferente, mais consciente e sobretudo com mais luz espiritual.

Náufragos de sua própria viagem
Por José Cardoso Pires