Saudades, lembranças de familiares e de amigos - Josefa Cabrita

Reflexo: - Hoje estou aqui convosco, embora tenha pertencido a algo diferente do que aqui se pratica. Mas, na essência, há algo comparável.

Na década de 70 vim com meus filhos para Portugal e aqui vivi. Viemos do antigo estado português da Índia, trouxemos saudades, lembranças de familiares e de amigos. Deixamos lá nossas raízes e procuramos constituir aqui o novo lar.




Foi para mim, realmente, estranho vir aqui, pois há oito dias que ando imaginando qual seria o meu desfecho. Pensei muito, reflecti. Entrei no templo que costumava frequentar, mas algo me dizia que não era o que procurava. Por isso hoje, por curiosidade, entrei e estou consciente que afinal há algo aqui que se identifica comigo, mais do que onde eu costumava ir.

Doutrinação: - Às correntes do Redentor vêm espíritos dos mais variados graus de evolução e que professaram, enquanto encarnados, as mais diversas seitas ou religiões das mais de oito mil existentes do mundo.

Tratamos aqui do espiritualismo autêntico. O Racionalismo Cristão é a Doutrina de Cristo em marcha, é a Doutrina da Verdade. Essa mesma Doutrina perdeu a sua pureza original, especialmente, desde que foi transformada em religião oficial do estado, na Roma Antiga. Sua autenticidade foi restabelecida por Luiz de Mattos que, embora tenha despertado um tanto ou quanto tarde para os assuntos relacionados com a vida fora da matéria, ainda lutando contra o tempo, conseguiu codificar os Princípios Racionais e Científicos e doutrinar por cerca de dezasseis anos.

Podemos considerar que, neste aspecto, ele foi muito mais feliz que Jesus, que apenas pôde doutrinar, mais ou menos, ano e meio, tendo esse evoluidíssimo espírito que interromper a explanação da sua Doutrina, da forma como todos sabemos, não tanto pela maldade como pela ignorância vigentes.

Os tempos evoluíram e temos o Racionalismo Cristão caminhando e desbravando as trevas da ignorância, ensinando exactamente aquilo que Jesus se propôs fazer em seu tempo.

Vamos dando a conhecer, aos que queiram estudar, raciocinar e aprender, sem quaisquer preconceitos e prevenções, um novo conceito do universo e da vida, sua composição que é a mesma do Universo, ou seja - Força e Matéria. Que Força e Matéria são também a composição de tudo que vida tem. Onde vivíamos antes de vir cumprir a encarnação, o que cá viemos fazer e qual o caminho a seguir depois de abandonarmos este mundo, que outra coisa não é senão um cadinho depurador dos espíritos.

Temos certeza que quando a humanidade se consciencializar das verdades atrás referidas, quando souber raciocinar sobre bases seguras, pondo de lado esse viver puramente instintivo, o mundo passará a ser mais feliz, haverá melhor compreensão, as guerras se acabarão e haverá paz.

Poderás tu agora avaliar das enormes diferenças entre as verdades proclamadas por nós e que fazemos questão de sublinhar que são as mesmas trazidas por Jesus, o Cristo, e aquilo que aprendeste no templo aonde costumavas ir. Acreditamos que naqueles ensinamentos haviam verdades e portanto pontos coincidentes com os nossos princípios. Sabemos que muitos povos orientais, muito especialmente o indiano, acredita na reencarnação, o que já é alguma coisa, mas reconhecemos que ainda é pouco. Há, por certo necessidade de muitas reformulações, de forma a se aproximarem essas doutrinas da VERDADE.

Reflexo: - Cheguei à conclusão de que não vale a pena termos desafectos. Não vale a pena termos tristeza de algo que não conseguimos fazer. Afinal, quando está para chegar o último dia ele chega e nada podemos fazer para que esse momento não seja efectivado. Nasci numa família composta nas condições normais mas meu pai desencarnou novo, minha mãe voltou a casar e senti na pele que não era bem quisto naquele lar. Senti-me revoltado com o meu padrasto, houve alturas até em que pensei em me suicidar. Hoje, gostaria que os meus meios-irmãos se lembrassem de mim com saudades, sem mal querença, pois nada de mal lhes fiz.

Doutrinação: – Quando desencarna um dos cônjuges e deixa rebentos pequenos, o parceiro que sobrevive, estando ainda em idade de constituir novo lar, tem todo o direito de o fazer. No entanto assiste-lhe o dever de bem avaliar o novo eleito porque é necessário que este tenha plena consciência que está a aliar-se a alguém com um ou mais filhos e tem que zelar por eles como se de seus filhos se tratassem.

A tua progenitora não se rodeou desse cuidado e o seu novo marido não teve formação suficiente para te tratar como filho, como seria de sua obrigação. Mas o que lá vai, lá vai, e, como bem dizes, não vale a pena cultivarmos desafectos. Quanto mais não seja por uma questão de sanidade mental. Se alguém não quer ser nosso amigo, a melhor solução é passarmos a ignorar essa criatura e nunca cultivarmos qualquer tipo de sentimento negativo relativamente a esse desafecto.

Ensina-nos o Racionalismo Cristão que enquanto houver ressentimento não haverá melhoria espiritual. Temos que pagar com amor todo o mal de que tivermos sido vítima. Por isso devemos ser tolerantes, educados, dominadores dos nossos ímpetos, vendo nos nossos semelhantes entes que nos pertencem por afinidade ao Grande Foco.

A sábia natureza tudo faz para que os desafectos de hoje, amanhã, nesta ou numa encarnação futura, venham a ser amigos, inclusivamente há o artifício de esses elementos virem a pertencer a um mesmo núcleo familiar.

O carrasco e sua vítima virão, no futuro, a pertencer a uma mesma família. Para que se evitem ressentimentos, o véu da matéria faz com que os espíritos, ao encarnar, percam o conhecimento do seu passado espiritual.

Torna-se assim evidente que no Universo tudo tende para a harmonia.

É a sábia Mãe Natureza! São as Leis Comuns, Naturais e Imutáveis que tudo regem.

ASTRAL SUPERIOR
JOSEFA CABRITA

Realmente, quando falais em harmonia, fazeis-nos lembrar como é bom viver num meio harmonioso. Tudo se torna alegre, as acções, nesse meio, desenvolvidas, são benéficas, são carinhosamente recebidas por aqueles que as recebem e caminhamos todos juntos rumo a algo de belo, com a certeza de que um dia todos haverão de reconhecer que a harmonia é de, facto, incomparável.

Nós, quando encarnados, tivemos um corpo do sexo feminino. Tínhamos uma irmã mais velha que repartia os trabalhos caseiros connosco e as nossas sobrinhas que connosco viviam. Não tínhamos filhos, mas vivíamos de uma maneira casta, com responsabilidade, com amor a todos, dedicando amizade a todas as crianças que nos rodeavam, procurando que elas tivessem o amparo durante as aulas e os recreios, e com uma de nossas sobrinhas, professora, como nós, conseguíamos que as nossas alunas fossem naquela época, meados do século passado, felizes, enquadradas no seu meio e tivessem até, muitas vezes, parte daquilo que os pais não lhes podiam dar e através de nós lhes fosse concedido.

Nunca lamentamos o trabalho que tivemos, sempre nos sentimos felizes e hoje, aqui convosco, damos por bem empregues todas as horas gastas nessa educação dada com todo o amor e carinho às nossas educandas.

Muitos estão acostumados apenas à harmonia da beleza. A harmonia de uma ornamentação duma rua, de uma festa bem organizada. Mas esquecem-se do principal que é a harmonia conseguida pelo valor espiritual. Essa é, de facto, a harmonia que mais valor traz aos seres encarnados e que mais se faz sentir em todo o Universo.

Aqueles que gostam da Natureza poderiam aperceber-se bem dessa harmonia que há quando desponta a manhã, quando anoitece numa noite de luar e, isso sim, é uma harmonia entre os seres, entre as plantas, entre tudo que ao fim e ao cabo é a vida em todo o seu esplendor.

Procurai, pois, ser vós mesmos, mostrando aquilo que valeis por vós próprios e incentivai os outros a prosseguirem nesse vosso caminho, tirando exemplos dos vossos próprios pass
os.