Portugal, terra de meus antepassados! - Sophia de Mello Breyner

Reflexo: - Que bom poder estar convosco aqui. Eu sou um ser que, praticamente, pouco terá a dizer.

Portugal, terra de meus antepassados! Não foi porém, aqui que nasci. Nasci em Cabo Verde e de lá embarquei para a Itália, onde fui apenas uma criada de servir. Como criada de servir, lutei e criei os filhos e netos de meus patrões. Um dia, porém, algo de muito estranho, eu diria, me aconteceu, mas a partir daí a minha vida começou a ter outro sentido. Os meus patrões tinham ido à ópera e eu sentei-me perto do SCALLA de Milão.

Vi quadros extraordinários e não compreendi o que via e de algumas pessoas amigas me acerquei e falei sobre o que tinha visto. Acharam que estava delirando e até me puseram a mão na testa. Mas afinal cheguei à conclusão de que depois de tantos anos passados, depois de 83 anos, acabando por ir a Cabo Verde algumas vezes só de férias, mas voltando sempre à Itália pois me esperavam aqueles que tinha criado, acabei a minha vida suavemente e suavemente para aqui vim.

Muito tereis para me dizer pois não me considero ninguém e portanto muito terei a aprender.

Doutrinação: - O ser que pensar que não é ninguém está completamente errado. Todos somos componentes de um TODO, somos peças indispensáveis de uma enorme engrenagem que é o UNIVERSO, grandioso e belo.

Todo o ambiente produz o seu quadro fluídico específico. Dentro do edifício havia uma orquestra executando trechos de música erudita e a tua vidência, a tua visão espiritual, permitiu vislumbrar quadros de beleza incomparável. Esses quadros variavam consoante o compositor e as melodias produzidas.

Nasceste e saíste de Cabo Verde já senhorita mas por certo eras natural de uma ilha que não a de S. Vicente. Dizemos isso porque a Doutrina que explanamos nesta Casa foi pratica nessa ilha, pelas primeiras vezes, em 1911 e daí foi-se irradiando para as mais diversas partes do Mundo. A ilha é pequenina e dificilmente se encontra quem nunca tenha ouvido falar da existência do RACIONALISMO CRISTÃO.

“A VIDA FORA DA MATÉRIA”, obra editada pelo Centro Redentor, contém quadros bem elucidativos sobre a existência e a vida do espírito (força) fora do corpo (matéria organizada).

CABO VERDE! Terra onde viste o sol pela primeira vez e igualmente terra natal da maioria dos presentes nesta sessão. Como todos sabemos, terra pobre, onde para melhorar o pão para a família, homens e mulheres emigram para países, muitas vezes longínquos, à procura de uma vida melhor. Mas, caso curioso, não são poucos os que levam na bagagem pelo menos um livro do Centro Redentor. Muito tem contribuído esse povo para a divulgação e expansão da nossa Doutrina, frequentando e fundando Casas Racionalistas Cristãs em países terceiros.

Povo altamente espiritualizado, está de mãos dadas com todos os que queiram estudar e praticar tão belos Princípios. E, não nos enganamos ao dizer que desde a primeira hora o povo caboverdiano disse “presente”, alistando-se como soldado neste exército que há de levar a bandeira branca da paz a todos os cantos do mundo.

Esta Doutrina foi codificada por Luiz de Mattos em 1910. Foi nesse ano que esse evoluidíssimo espírito iniciou seus elevados estudos sobre a vida fora da matéria. Sabe-se que o seu primeiro contacto com o Espiritismo Racional e Científico, foi numa casa pobre, frequentada por gente honrada e cujo presidente físico era um cidadão caboverdiano.

Face aos trabalhos psíquicos, de alto nível, produzidos nas cerca de duas dezenas de Casas Racionalistas, arriscamo-nos a afirmar que CABO VERDE é um dos quartéis-generais ao serviço das Forças Superiores, a lutar pela paz, tranquilidade e bem-estar da HUMANIDADE.

ASTRAL SUPERIOR
SOPHIA DE MELLO BREYNER

Num determinado momento, eis um relógio que bate! Ao mesmo tempo, são tantos a baterem em tantos pontos do mundo. Mundo Terra, onde cada um de vós cumpre uma encarnação e sois, cada um de vós também, um diamante em bruto, pronto a ser lapidado cada vez mais, até conseguir o brilho almejado que o levará até ao mundo mais elevado onde poderá passar a trabalhar em plano astral.

Nasce a criança e, no primeiro grito, o espírito toma posse daquele corpo e passa, com ele, a trilhar os caminhos que planejou em seu mundo de luz. Uns, vêm com uns caminhos mais difíceis de percorrer, outros, com outros mais suaves mas muitas vezes mais trabalhosos. Há espíritos que encarnam com missões sublimes, que são débeis, que passam uma vida inteira tendo que tratar da sua própria existência física para não sucumbir antes do tempo, mas o fazem conscientes por saberem que algo têm de deixar para a posteridade.

A ti criança! A ti jovem! A ti adulto! A ti ancião! Todos vós tendes uma missão a cumprir e feliz daquele que consegue chegar à almejada idade em que será chamado de ancião! Porém, terá que saber cumprir com singeleza, com honestidade, com a preocupação de ser digno, de se manter firme aos propósitos que se impôs, de cumprir na íntegra essa missão sublime para a qual encarnou e assim vai caminhando, passo a passo, não podemos até dizer gigantesco, pois, normalmente nada se faz muito rapidamente e, assim, o espírito tem que ter a paciência de cumprir como puder, mesmo que passo a passo, a sua vida. Essa vida deverá ser por ele vivida com toda a intensidade, mas vivida, embora com sacrifícios, com uma relativa felicidade, bendizendo essa etapa que está sendo vencida e que lhe vai servir como cabedal para lhe aumentar o acervo espiritual.

Quando a criança nasce e se vai desenvolvendo, ela gatinha e com um sorriso nos lábios se aproxima do pai, da mãe, de um ser da própria família, ou mesmo de um amigo, pedindo através desse sorriso, um apoio. Ela deve ser apoiada, todos devem vê-la como uma semente que está saindo, brotando da terra e se vai transformar talvez até num simples lírio do campo. Muitas vezes, os singelos lírios do campo que deitam uma fragrância tão suave, que embeleza os lares mais pobres, são eles muitas vezes que conduzem à maior felicidade na vida. Porque essas crianças, quando bem criadas, mesmo sem terem um lugar muito alto na sociedade, têm um grau de espiritualidade muito grande e assim elas sabem transmitir aos que depois delas vêm, como devem ser percorridos os caminhos da evolução.

Aos pais aqui presentes chamamos a atenção para terem desvelo por todos os filhos, todos eles têm o seu lugar, todos eles têm necessidade de se sentirem bem-vindos ao mundo Terra. Quer seja um pintor, quer seja alguém que tira um curso superior, ou um simples motorista de um camião de lixo, cada ser, sem excepção, todo ele é necessário para o desenvolvimento do planeta que habitais.

Com as rosas se enchem as jarras de flores que embelezam os salões onde tantos espíritos, mais desenvolvidos intelectualmente, fazem os seus discursos e rezam ao mundo, por assim dizer, as obras que deixaram e que gostarão de ver para a posteridade.

Portanto, que cada um de vós saiba ser pai ou mãe de uma singela flor.


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