Estou revoltado - Josefa Cabrita

Reflexo: - Estou revoltado ou, talvez, melhor dizendo, muito triste. Diz-se, viver-se agora num mundo civilizado, mas onde está essa civilização tão falada? Estudei, fui homem de ideais, pois queria mostrar serviço feito e, com aquilo que dizia ou escrevia, ajudar a que as coisas melhorassem. Se na época da Roma Antiga disputavam os troféus em arenas, não passam de arenas também os campos onde nós somos apanhados. Os olhos vendados, amarrados, e mais tarde, sem sabermos quando, acabamos por ser assassinados. Como eu que fui decapitado, esvaí-me em sangue e estou aqui. Por um lado satisfeito por dar-vos o meu testemunho e, desculpem, mas a dizer-vos mesmo da minha revolta, não por querer ser sanguinário, não porque queira que continue a haver casos destes, para que não seja eu o singular. Mas é muito triste viver-se assim e sinceramente, estou muito, muito, muito triste.

Doutrinação: - Tranquiliza-te porque te encontras no lugar certo e no momento certo. Encontras-te numa corrente fluídica, devidamente organizada e assistida por espíritos evoluídos. A força extraordinária do pensamento elevado dos componentes desta corrente, animados apenas do grande desejo de serem úteis a esta grande Causa, ou seja a do esclarecimento espiritual da humanidade, serviu de íman aos Espíritos Superiores que foram arrancar-te do ambiente de tristeza em que te encontravas para vires receber este bálsamo de que tanto precisavas. Tranquiliza-te, pois, e deixa-te envolver pelas luzes astrais superiores que dissiparão as tuas dores, a tua enorme tristeza e a tua revolta.

A profissão de um jornalista sério, não sensacionalista, não daquele que apenas deseja que a confusão se instale, comporta muitos riscos, especialmente, neste momento delicado que vive o planeta, quase que totalmente dominado pelo terrorismo.

O acto de violência que se comete ao executar uma criatura não passa de um momento que em si não é tão doloroso para aquele a quem se aplica a pena. É muito pior a espera e a incerteza angustiantes.

Também nós nos interrogamos. Onde está esta tão propalada civilização? Lembramo-nos, neste momento, do Grande Padre António Vieira, a figura central no lançamento desta Doutrina no planeta Terra, quando escreveu na sua obra “HISTÓRIA DO FUTURO”, que os impérios anteriores tiveram pés de barro e por isso caíram. Que o próximo seria o último, portanto, para a eternidade, porque seria o império de Cristo – o V IMPÉRIO, assente nos verdadeiros princípios cristãos.

É também nossa convicção de que a presente civilização tem “pés de barro” e inevitavelmente está a desmoronar-se. Estamos no fim de uma ERA e subsequente entrada em uma nova e daí a grande turbulência que se vive no mundo.

Não obstante tudo o que certos pseudo doutrinadores vêm asseverando, a salvação da humanidade está em compreender-se que somente pela via do espiritualismo autêntico os homens se entenderão, saberão distinguir o bem do mal, plantarão o bem para colherem bons frutos. Não há dúvidas de que a violência gera violência e nunca será por esta via que o mundo irá melhorar.

É sabido que há mais de oito mil seitas e religiões. A própria religião católica tem à volta de 17 séculos e falhou rotundamente na remodelação da humanidade. O Cristianismo, a Doutrina de Jesus, o Cristo, espalhou-se rapidamente pela costa mediterrânea, apesar de ferozmente perseguida, por motivos de Estado. Mas, em contacto com filosofias muito diversas, perdeu a sua originalidade, soçobrou e está como todos os não fanáticos podem observar. Por fim, por vontade do imperador Constantino, tornou-se religião do Estado. Aí interesses muitas vezes inconfessáveis acabaram por descaracteriza-lo.

O mundo Terra não precisa de religiões. Como se sabe, ao longo da história, cada grupo tem tido um Deus à sua imagem e semelhança. O espírito não encarna para ter esta ou aquela religião, das cerca de oito mil existentes. Por vezes é influenciado nos meios familiares, noutros casos é-lhe mesmo imposta uma religião e adopta esta ou aquela quase que, digamos, por herança.

Tem-se de ensinar às criaturas a nossa origem comum e de que todo o Universo é regido por leis naturais, imutáveis, a que todos os seres estão sujeitos.

É imperioso que se comece com a formação, em bases morais mais sólidas, das novas gerações. É ensinar-lhes o valor do carácter. É corrigirem-se-lhes os velhos defeitos tais como a vaidade, a ganância, a mentira, para todos poderem enveredar por um caminho certo que conduza à paz e à felicidade relativa possível neste mundo.

Reflexo: - É preciso entrar-se numa Casa como esta, e sentir-se que afinal aquilo que pensávamos ser não é nada comparado com o que se vive aqui. Lutei em ringues de boxe, era forte, alto, imaginava-me poderoso e as multidões aplaudiam-me. Cheguei a conseguir arrastar um veículo automóvel frente a uma multidão. Ao chegar aqui, quis pinotear como um cavalo, quis sair porque vi que não era este o local indicado para mim, mas fui posto num canto e só quando me mandaram avançar pude efectivar essa acção. Eis-me junto a vós, sei que não vais dizer-me nada agradável, mas espero a vossa sentença.

Doutrinação: - Dependendo do estado em que se apresenta o espírito, assim será a doutrinação que pode ser meiga ou áspera, com o objectivo de despertá-lo para a realidade da vida espiritual, mas sempre com amor cristão e muito respeito pelo sofrimento comum a todos.

Bem dizemos que o que é material é irreal e transitório, porque na Terra fica. É certo que tinhas força física, dada pelos teus músculos. Mas devido à tua ignorância sobre a vida espiritual, quiseste medir a tua ex-força física com a poderosa força espiritual emanada das Forças Superiores que comandam estes trabalhos.

Tu, agora, como espírito desencarnado, estás sujeito às leis espirituais. Passaste para o outro lado da vida e não te deste conta disso. Vias teu corpo astral que, de tão grosseiro, te dava a ilusão de ser o teu corpo carnal.

Ao apoiar-se na corrente fluídica, formada pelos pensamentos dos seus integrantes, as Forças do Bem formam uma poderosa rede fluídica para onde são encaminhados os espíritos obsessores que chegam à Casa Racionalista e, depois de devidamente doutrinados e esclarecidos, são acompanhados aos respectivos mundos de luz, suas verdadeiras moradas, porque os espíritos não são deste planeta mas sim de mundos mais evoluídos.

ASTRAL SUPERIOR
JOSEFA CABRITA

É certo que todos os países atravessam momentos difíceis. O vosso Portugal também os atravessa. Mas, deveis estar conscientes de que, não sois o pior país. Pelo menos vive-se uma relativa felicidade na medida em que, como se costuma dizer, do mal, o menos. Embora haja violência, que muitas vezes gera violência, não há tantos raptos como nos outros países, não há tantas mortes nem tantas catástrofes e outros desastres do género, no vosso país, como nos outros.

Por isso, deveis dar-vos por felizes. Porém, neste preciso momento, Portugal atravessa uma certa turbulência. Todos sabem que isso é uma realidade que tem a ver com o início do ano escolar e então, praticamente todos estão envolvidos. Professores que precisam ser colocados, alunos que precisam aprender, pais que precisam entregar seus filhos a quem tenha capacidade para os enveredar no devido caminho, ensinando as disciplinas que precisam para seguirem os cursos almejados.

É pena que a vossa Casa seja pequena, mesmo assim ela é um oásis no deserto. Imaginai então que podeis comparar-vos a uma frondosa árvore da qual milhares de raízes se espalham em solo mais ou menos fértil. Ora, quando falamos assim é porque gostaríamos que o exemplo saísse lá para fora.

Sabemos que sendo poucos, muitos não terão possibilidades de conhecerem, ouvirem ou lerem aquilo que estamos pronunciando, mas, de qualquer maneira, haverá pelo menos um pequeno número que, se conseguir espalhar a vossa razão, ela se multiplicará e havendo outras Casas Racionalistas com a mesma ideia, certamente haverá mais pessoas inteiradas do assunto.

É realmente triste que se viva, praticamente, numa guerra e não se consiga chegar a um consenso. As coisas deveriam ter sido planeadas com muito tempo de antecedência, deveriam ter sido estudadas, cada um colocado no seu sítio e os alunos teriam os professores na altura necessária. Porém, isso não aconteceu e agora, neste momento, em vez de congregarem esforços para seguirem com a obra avante, são os próprios meios de comunicação social que agravam ainda mais a situação porque o que põem à frente de tudo, muitas vezes está longe de ser a resolução do problema para as crianças e para essas pessoas que precisam de ganhar o sustento de cada dia. Eles apenas discutem, exploram, podemos até dizer, indecentemente, o facto de um ministro ou mais terem culpa no assunto. Querem apurar as responsabilidades e mais não lhes interessa.

Não seria mais sensato reunir para ganharem com denodo? O pensamento elevado, proporcionaria, certamente, intuições de valor, conseguindo resolver os problemas que muitas vezes, talvez, até fossem fáceis de resolver.

Os pais que têm os filhos em casa poderiam também exercer alguma influência. Todos, ou quase todos, já estudaram em anos anteriores. Não seria melhor que, em vez de ficarem a deambular nas ruas, orientados pelos pais, fizessem uma reflexão sobre o estudo, vissem o que não sabem ainda e procurassem estudar, fazendo uma boa revisão? Seria uma maneira de ocupar o tempo e irem-se preparando para as aulas que estão demorando.

Poderiam até os próprios professores que, neste momento, estão sem serviço, fazerem parte de grupos de trabalho, mas aí teria que entrar em acção o próprio ministério da educação para criar esses grupos que, num entrelaçar contínuo, conseguiriam chegar certamente a bom termo.

É pena, realmente, porque muito haveria a fazer e não há muito tempo para falar. Mas os poucos que aqui estão, que ouviram, pensem e falem o quanto puderem pelo menos a bem dos jovens que se encontram na beira dos falsos caminhos, eles precisam de guias cuidadosos que os conduzam para um caminho sem perigos e que talvez até lhes dê um certo sucesso escolar.


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