O fogo do inferno que dizem existir, não encontrei - José Cardoso Pires

Reflexo: - Cheguei revoltado parecendo que na minha mão tinha algo que vos poderia ferir ou puxar do lugar onde estavam. Era como se fosse um pé de cabra. E tentei, ou por outra, quis tentar, mas como que com uma mão invisível me fizeram parar e fiquei ouvindo. A turbulência foi muito grande até à minha
chegada. É certo que vim de Cabo Verde e, portanto, a distancia é um pouco longa, mas a turbulência que vivia não era pela distância mas sim pela maneira de ver como as coisas corriam.

Não pertencia ao vosso grupo muito embora já tivesse ouvido falar do Racionalismo Cristão. Mas como seguia outra Doutrina, os meus princípios eram outros e outros caminhos também eu percorria.

Vi pessoas da minha família morrerem por não terem sido autorizados a tomarem transfusões de sangue, fiquei revoltado e quando acabei os meus dias, aí interroguei-me, quem estará afinal de posse da verdade? O que me diziam ser verdade não era, e eu não sabia em que me poderia agarrar. O fogo do inferno que dizem existir, não encontrei, mas as minhas entranhas têm ardido como se o fogo estivesse dentro delas. Estou realmente com uma confusão muito grande e espero que me possam explicar alguma coisa para o meu esclarecimento.

Doutrinação: - Conforme disse Jesus o “Cristo” só a verdade fará o homem livre. Livre das grilhetas da ignorância espiritual. As seitas e religiões, por ignorância da verdade sobre a vida fora da matéria e muitas vezes também por interesses escusos, não esclarecem os seus fiéis sobre o que é o espírito, de onde ele veio, o que veio fazer neste mundo e para onde irá depois de cumprida a sua jornada terrena.

Luís de Mattos, o nosso Mestre e fundador e codificador desta esclarecedora Doutrina, a partir de 1910 começou a pôr tudo em seus devidos lugares e nas memoráveis conferências por ele realizadas sobre Ciência e Religião não se cansou de afirmar que céu e inferno não existem. Paulo VI veio a secundá-lo no início do seu papado aí por volta dos anos 60 do século passado.

Também muitos nem sequer desejam saber mais do que aquilo que aprenderam no meio familiar. Adoptaram a religião dos pais, muitas vezes quase que por imposição, outras como herança familiar, sem um estudo raciocinado sobre a matéria, não dando trato ao raciocínio, chegando ao ponto de preferir que o seu ente familiar desencarne prematuramente a receber uma transfusão sanguínea, como acabaste de afirmar.

Cada um pensa como quer e não pretendemos converter ninguém, na certeza de que para alcançar o âmago do que ensina esta maravilhosa Doutrina é necessário que se tenha alguma maturidade espiritual. Mas, como costumamos dizer, tudo tem o seu tempo próprio para vir.


Todavia, aos que nos procuram, explicamos que no Universo só existem dois princípios: Força e Matéria. Que o homem é constituído de força e matéria e por isso consideramos que é uma miniatura do Universo. A Força é o elemento activo, inteligente, criador e a Matéria é o elemento passivo, moldável pela Força.

Estamos neste mundo por nossa necessidade evolutiva porque o espírito é luz e quer cada vez mais luz, mas para isso terá que cumprir deveres, ser humano na forma e no fundo, não maldizer, não desejar para os outros o que não deseja para si, amar a natureza e os seus semelhantes que também estão fazendo o seu curso evolutivo.

Quando o corpo, o carro da alma, já não puder ser útil do maquinista, o espírito, esse desfaz os laços fluídicos que o prendem ao corpo, molécula a molécula, e mais intensamente ao cérebro e ao coração e deve ascender imediatamente à sua morada no Espaço Superior para prestar contas ao seu juiz-consciência que o julgará, e não a uma suposta figura divina que na verdade não existe.

ASTRAL SUPERIOR
JOSÉ CARDOSO PIRES

Os bons conselhos devem ser transmitidos e sempre ouvidos por aqueles a quem são dirigidos, com atenção, espírito de alerta e vontade de prosseguir numa caminhada mais adequada aos conselhos disseminados.

Há muitos racionalistas que, ainda no princípio da sua aquisição de conhecimento da Doutrina, ou porque não têm acesso fácil a leituras, ou porque têm dificuldade em entendê-las, deverão estar sempre atentos, pois mesmo que seja pouco a pouco, devagarinho irão colhendo algum grão e esse grão, somado a outro e a outro, acaba por poder dar-vos um bom ensinamento.

Sabemos que não é fácil cumprir com os Princípios determinados pela Doutrina. Mas, quando há uma vontade bem dirigida para o cumprimento do dever, não se torna tão difícil assim cumprir as regras principais e primordiais para o bom exercício da mesma.

Aqueles que querem fazer parte de uma casa racionalista, mesmo que ainda não sejam militantes, sejam simpatizantes, terão que se policiar diariamente quanto ao seu viver. Antes de se dirigirem para as sessões deverão ter em conta a preparação prévia para tal.


Pelo menos uma hora antes, ou se morarem muito longe, antes de se meterem a caminho, procurem elevar o pensamento, não terem conversas com desafectos, não se encostarem ou mesmo compartilharem bancos com pessoas alcoolizadas ou com maus humores, devendo dirigir-se sempre com o pensamento elevado até à casa onde quereis assistir as vossas sessões.

Também aqueles que têm faculdades mediúnicas já desenvolvidas ou em desenvolvimento e se dizemos assim é porque faculdades mediúnicas todos têm, em maior ou menor grau, mas o desenvolvimento nem todos o têm. Daí que é necessário que as pessoas que têm desenvolvimento mediúnico não tenham receios, mas se abstenham deles falarem fora das Casas Racionalistas e principalmente com pessoas que não entendem nada sobre o assunto.


Se nos lares há pessoas que não concordam com a prática da Doutrina abstenham-se de comentários, elevem o vosso pensamento e façam “chegar o cântaro à fonte” como se costuma dizer. Não desistindo dos vossos propósitos de virem às sessões, mas procurando não colidirem para que não haja guerras a afectar o vosso ambiente familiar.

São conselhos úteis que devem ser analisados e até, porque não dizer, decorados para que os tenham sempre presentes.


Casas Racionalistas Cristãs espalhadas pelo mundo