O mundo é dos fortes de espírito, e, como todos
sabeis, a união faz a força. Na presente conjuntura, em que se vive num ambiente de
tristeza e dor, há realmente que reunir esforços para conseguir sobrepor, a
tudo e todos, uma força vitoriosa que galgue fronteiras e através do pensamento
elevado das criaturas de boa vontade que juntam os seus esforços para que no
futuro se consiga um mundo melhor e possam trabalhar em conjunto, muito embora
desconhecendo-se uns aos outros.
Pelos cinco continentes há correntes do bem e correntes do mal, mas podem estar
certos que as correntes do bem sempre vencerão as correntes do mal.
Fala-se muitas vezes em naufrágios por tempestades, por incúria dos
comandantes, por falta de sinalizações, enfim, uma série de obstáculos que
muitas vezes põem fim a encarnações de diversos espíritos que necessitavam
continuar em frente para desenvolverem a sua evolução espiritual.
Mas reparai,
amigos, que dentro do conceito naufrágio ou náufrago poder-se-á pensar de
diversas maneiras. Ao fim e ao cabo, o que são aqueles que não conseguem levar
em frente uma vida digna, correta, bem vivida? Ao fim e ao cabo são eles
náufragos das suas próprias viagens!
Não souberam conduzir o veículo que lhes
foi entregue à nascença, não souberam defende-lo das intempéries da vida,
muitos até, cambaleando ao sabor dos vícios, esqueceram-se de dar a mão ao seu
semelhante. Outros, por estarem mais bem postos na vida não se lembraram que
muitas dessas criaturas, precisavam de algo para viverem.
O que fica são as obras. É o espírito que reluz. É, enfim, a encarnação
que foi bem aproveitada e em vez de vos entregardes a lamentações, embora
muitas vezes tenhais vontade de chorar, tenhais vontade de ficar cabisbaixos
lembrando-vos daquilo que sucedeu aos vossos iguais, levantai a cabeça e os
braços, pois tendes uma luta a enfrentar e sem que vós o façais o mundo será
mais fraco.
O mundo precisa realmente dos fortes de espírito, para que passem o exemplo e
para que, através do pensamento elevado, consigam vencer fronteiras e ajudar
aqueles que hoje são poucos mas que mesmo assim ainda são muitos num mundo que
quase desespera por uma sobrevivência. Lançai mão ao trabalho e lembrai-vos que
por pouco que façais, quando de boa vontade, esse pouco se multiplica e
constitui muito para as criaturas que esperam algo de vós.
Quero que vos enchais de coragem, que deixeis para trás as intempéries da vida,
que vos esqueçais um pouco dessas vicissitudes pelas quais passastes ou que
tivestes possibilidades de ver outros passarem. Para que o mundo seja refeito
há que lutar e essa luta sabemos que tem que ser corajosa, tem que demorar
muitas décadas para que tudo volte à normalidade e uma normalidade diferente,
mais consciente e sobretudo com mais luz espiritual.
Náufragos de sua própria viagem
Por
José Cardoso Pires
Fonte: Á procura da salvação